Um vírus microscópico parou o mundo! O atual governo federal tem um papel desmoralizante nesta pandemia, sendo protagonista da falta de ações técnicas no gerenciamento federal da saúde pública. Hoje, enquanto esse edital é escrito, temos no Brasil mais de 221.000 mortes e mais de 9 milhões de casos de COVID-19, cenário esse agravado por um governo federal sem ação concreta no combate à pandemia e que parece fazer questão absoluta de ignorar essa situação alarmante. Um governo que traz em seu bojo uma vontade de gerar conflitos e colocar a democracia brasileira em risco. A democracia no mundo contemporâneo não se faz pela vontade simples de uma maioria, mas, principalmente, em prol dessa maioria. A partir de seus governantes eleitos por sufrágio universal, espera-se que a democracia dê espaço e poder para que as ditas minorias possam ter voz e galgar espaço político e humano, para que superemos as sociedades patriarcais, heteronormativas e neuronormativas que hoje prevalecem no cenário global. A democracia moderna vive a partir desses princípios, e não a partir da imposição da vontade da maioria que vence uma eleição. Infelizmente, nossos atuais governantes brasileiros desprezam essa questão básica do princípio democrático e republicano.
Não bastasse isso, desde o princípio, o governo brasileiro parece declarar guerra contra a cultura e contra os artistas, fazendo com que a ABRACE esteja, obviamente, na linha de frente desse ataque junto a outras associações do gênero.
Com a pandemia urrando em nossos calcanhares, artistas em geral e o teatro, o circo e a dança em particular, foram os mais afetados. Nosso objetivo de vida e poesia é justamente a aglomeração, a coletividade de corpos em comunhão, a troca de suores e sorrisos em grupo. Nossa força são corpos agrupados e acontecimentos coletivos. Com senso de responsabilidade social, a classe artística foi a primeira a cessar suas atividades e será, certamente, a última a retomá-la. Estamos, portanto, enfrentando duas frentes de resistência: por um lado a oposição a um governo que acredita serem os artistas inimigos ideológicos e, por outro lado, a luta contra um inimigo invisível que destruiu, apesar de seu tamanho diminuto, nossa maior arma de revolução: os corpos coletivizados em poesia, a comunhão de pessoas em fruição poética. Estamos imobilizados pelo coronavírus, pois nossa poesia presencial agora é risco. Lembramos aqui de Cazuza: “O meu prazer agora é risco de vida...”.
Mas o que fazer? Desistir? Jamais...
O XI Congresso da ABRACE reunirá, de forma virtual, artistas, associades e convidades para debaterem ações, conceitos, estratégias humanas, políticas e artísticas para aprofundar, agora, as discussões sobre artes cênicas e direitos humanos em contexto de pandemia e pós-pandemia.
Inscrição: https://www.even3.com.br/abrace2021
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