Durante anos a fio, com uma sensibilidade tocante, a figura frágil e bela do arlequim denunciou tenazmente o comodismo, o egoísmo, a covardia, a mesquinhez, a miséria e a prepotência da espécie humana, elevando a mímica a patamares nunca antes atingidos, e erguendo bem alto a chama eterna e libertadora da expressão artística.
Marceau criou Bip, o palhaço de cara pintada, que em seu casaco listrado e surrado, chapéu de ópera de seda com uma flor espetada - significando a fragilidade da vida - tornou-se seu alter-ego, exatamente como o Vagabundo de Chaplin. As desventuras de Bip interagindo com tudo, desde borboletas a leões, de navios a trens, nos salões ou nos restaurantes, eram ilimitadas. Com uma pantomima de estilo, Marceau foi reconhecido como fora de série.
"A mímica é uma arte que hipnotiza. É uma linguagem universal, e assim como a música, não conhece fronteiras nem nacionalidades”, dizia ele. “Se a gargalhada e as lágrimas são características da humanidade, então todas as culturas estão mergulhadas na nossa arte”.
Obrigado, Mime, por ter nos dado tanta elegância, sutileza e beleza através de tanto silêncio.
A seguir podemos ver sua Bip caçando borboletas (Bip chasse les papillons)